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A programação em Brumadinho se repete todo dia 25, desde janeiro deste ano. O rompimento da barragem da Vale em 25 de janeiro deste ano mudou a vida da cidade. Nesta quarta-feira (25), a tragédia completa oito meses.
Passados 244 dias do rompimento, 21 pessoas ainda não foram encontradas. Duzentos e quarenta e nove corpos foram identificados. Duas mulheres que morreram estavam grávidas, mas os bebês não constam da lista oficial de vítimas.
As polícias Civil de Minas Gerais e Federal ainda trabalham nos inquéritos criminais sobre o desastre. Ninguém foi preso. Ambas as corporações dizem que aguardam a perícia sobre o que causou o rompimento da barragem para concluírem os inquéritos. Não há prazo para a finalização dos trabalhos.
Na semana passada, a Polícia Federal concluiu o inquérito administrativo e indiciou treze funcionários da Vale e da TÜV SÜD por falsidade ideológica e uso de documentos falsos.
Música, abraços, choro, balões brancos são alguns dos elementos presentem nas homenagens mensais. Além disso, os parentes das pessoas mortas compartilham ainda a indignação pela falta de punição.
A engenheira civil da Vale Josiane Melo perdeu a irmã, Eliane. Ela é uma das grávidas que morreu a tragédia e cujo bebê ainda não foi reconhecido como vítima.
“Nós queremos a justiça. A gente quer CPF [pessoas] na cadeia. Queremos que a empresa seja punida de alguma forma para que ninguém mais passe o que a gente está passando. Foram 272 vidas ceifadas de uma forma cruel, bruta”, disse Josiane.
Josiane Melo, engenheira civil da Vale, perdeu a irmã grávida no rompimento da barragem da Vale em Brumadinho — Foto: Reprodução/TV Globo
Andresa Rodrigues, mãe do também engenheiro Bruno, se tornou uma das lideranças dentre as famílias que perderam entes. Uma das bandeiras é a construção de um memorial.
“Fazer um memorial que vai deixar registrado pra sempre de cada um e de casa uma que foi assassinado de forma cruel e brutal no dia 25 de janeiro”, disse Andresa.
Além do memorial, reivindicação fundamental das famílias é a devolução dos corpos das 21 pessoas que ainda não foram encontradas.
“E a nossa pergunta do ato de hoje é: que dia a Vale vai devolver as nossas joias? Que dia ela vai devolver as 21 joias? Até quando? Que dia nós vamos conseguir desprender da lama? Ter a nossa vida? Voltar à rotina normal? Enquanto tiver uma pessoa embaixo daquela lama, nós não vamos nos despregar. Nós temos um compromisso com cada família. Nós vamos até encontrar as 21. Nós não aceitamos que nenhum corpo fique debaixo daquela lama”, desabafou.
Por nota, a mineradora Vale disse que “reafirma seu compromisso total com a reparação e mantém interlocução com representantes das comunidades e demais órgãos competentes, visando soluções céleres e adequadas às necessidades dos atingidos”.
Fonte: Jornal Hoje — Belo Horizonte –