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Os empresários Germán Efromovich e José Efromovich, donos do estaleiro Eisa – Ilha S.A., foram presos em São Paulo na manhã desta quarta-feira (19), no âmbito da Operação Lava Jato. Os dois são ex-donos e atuais acionistas da Avianca Holdings, mas esta não aparece nas investigações.
A 72ª fase da operação investiga fraudes em licitações e pagamento de propina envolvendo executivos da Transpetro (subsidiária de transporte da Petrobras) e do estaleiro, localizado na Ilha do Governador, zona norte do Rio de Janeiro.
As investigações apontam que o Eisa firmou contratos para a construção de navios para a Transpetro. Os irmãos Efromovich – que também são donos de outro estaleiro em Niterói, região metropolitana do RJ – são investigados pelo pagamento de mais de R$ 40 milhões de propina a altos funcionários da Transpetro.
Foto: Divulgação – 22.jul.2015 / Avianca; reprodução – 05.fev.2020 / Reuters
A CNN apurou que os mandados de prisão foram cumpridos no bairro de Santa Cecília, centro de São Paulo. Segundo o Ministério Público Federal, as prisões eram preventivas, mas foram convertidas em domiciliares, em razão da pandemia de Covid-19.
Os dois estaleiros em nome dos empresários não estão em funcionamento desde 2015 e pediram recuperação judicial.
Em uma entrevista coletiva, Germán Efromovich afirmou que nunca pagou políticos ou executivos da Transpetro para ser favorecido em licitação para a construção de navios para a empresa.
“Isso não existe. Ganhamos aquele contrato em uma licitação e, inclusive, eu processei. Tem uma ação contra a Transpetro porque não cumpriram o contrato”, disse ele. “Não devo nada. Nunca dei dinheiro em troca de contrato para político nenhum. Nem para executivo da Transpetro. Aliás, minhas contas são transparentes, já olharam, podem olhar tudo isso.”
Em nota, a Transpetro informou que “desde o princípio das investigações, colabora com o Ministério Público Federal e encaminha todas as informações pertinentes aos órgãos competentes”. “A companhia reitera que é vítima nestes processos e presta todo apoio necessário às investigações da Operação Lava Jato.”
A Petrobras também destacou que “trabalha em estreita colaboração com as autoridades que conduzem a Operação Lava Jato” e que está apurando internamente o caso.
“Petrobras e Transpetro são reconhecidas pelo próprio Ministério Público Federal e pelo Supremo Tribunal como vítimas dos crimes desvendados. A Petrobras vem colaborando com as investigações desde 2014, e atua como coautora do Ministério Público Federal e da União em 18 ações de improbidade administrativa em andamento, além de ser assistente de acusação em 71 ações penais”, afirmou a estatal em nota.
“Cabe salientar que a Petrobras já recebeu mais de R$ 4,6 bilhões, a título de ressarcimento, incluindo valores que foram repatriados da Suíça por autoridades públicas brasileiras.”
Foto: Carolina Abelin – 19.ago.2020 / CNN
A Polícia Federal informou que parte dos envolvidos pagou “vantagem indevida” a executivos da Transpetro em troca de favorecimento e direcionamento do estaleiro em licitação para obtenção de um contrato milionário, para a construção e fornecimento de navios. Uma dessas embarcações era o modelo Panamax, cujo valor total combinado foi de mais de R$ 857 milhões.
A PF afirmou ainda que a contratação teria sido feita, inclusive, desconsiderando estudos de consultorias que apontavam que o estaleiro em questão não tinha condições técnicas e financeiras adequadas para construir os navios.
Segundo o MPF, as ações ilícitas causaram um prejuízo de mais de R$ 611,2 milhões à Transpetro.
(Com informações de Diego Sarza, da CNN, no Rio de Janeiro, e Fabricio Julião, da CNN, em São Paulo)
Fonte: CNN – 19 de agosto de 2020 às 08:40