E quando falamos de trilhas da região, não podemos deixar de citar o projeto Trilha Transmantiqueira, um desafio de longo curso, que atravessa a serra da Mantiqueira no sentido oeste-leste, com um percurso que ultrapassa 1.100 km de extensão.
A Transmantiqueira cruza mais de 40 municípios dos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro e promove a integração de mais de 30 Unidades de Conservação.
Muitas das trilhas citadas nesta reportagem fazem parte da Transmantiqueira. Parte integrante da Rede Brasileira de Trilhas de Longo Curso, esta trilha de longo curso atua como ferramenta de conservação, aparelho de recreação e alternativa para gerar emprego e renda junto às comunidades locais.
Para o Diretor da Rede Brasileira de Trilhas Pedro Cunha Menezes, o projeto é desafiador: – “A Trilha Transmantiqueira traz um novo tipo de turista, que faz o chamado “slow tourism” em que ele se movimenta na velocidade de seus pés incentivando pequenos negócios e pequenos empreendimentos ao longo do caminho. Ele ajuda a criar novas pousadas e camas e café e também contribui para incremento nos serviços como guiagem, alimentação e transporte de bagagem” – explica o especialista
Ele reforça que a Rede Brasileira de Trilhas é um projeto apaixonante. –“Na verdade é um projeto que leva as pessoas a ver nosso país em uma velocidade mais contemplativa, resgatando o modo de viajar dos índios, bandeirantes e antigos tropeiros, um modelo de viajar que, além de belo, forjou nossa cultura e a brasilidade”- explica Pedro.
Outro especialista no assunto é Hugo de Castro Pereira do Rio de Janeiro. –“Aprecio o ambiente natural e a vida ao ar livre desde jovem. Escolhi ser montanhista, trabalhei com uso público em Unidades de Conservação, me envolvi com a criação da primeira Trilha de Longo Curso do Brasil, a Trilha Transcarioca” – conta ele.
E o crescimento deste tipo de atrativo se transforma em ativo turístico que tem o potencial de realizar uma mudança até mesmo na economia de uma região.
“As trilhas implementadas de forma sustentável, sinalizadas, manejadas e com serviços associados de base comunitária, como a trilha Transmantiqueira, pode ser uma espinha dorsal e indutora de um sistema de trilhas regional, onde as trilhas possam se integrar, como o Caminho das Águas, trilha que está sendo implantada em Caxambu” – explica Hugo.
O especialista afirma que a implementação de uma trilha de longo curso, como a Trilha Transmantiqueira, visa o desenvolvimento sócio-territorial sustentável como estratégia de conservação entre outras vantagens para a região.
–“O ordenamento e estímulo ao ecoturismo, o desenvolvimento dos indivíduos e das comunidades, e uma oportunidade para geração de emprego e renda para os moradores locais, além da valorização de culturas e tradições” – disse Hugo.
Mas para quem busca apenas a diversão ou o contato com a natureza, fazer uma trilha é um esporte acessível, de baixo custo e que pode ser praticado por pessoas de todas as idades.
– “Caminhadas em trilhas são praticadas por todas as faixas etárias sem exceção, mas uma faixa se destaca. É a faixa entre 40 até 65 anos que chamamos de “3 D”. Essa faixa de pessoas que já tem uma maturidade, mas que ainda tem “Disposição” para percorrer as trilhas, que tem “Dinheiro”, ou seja, uma tem uma independência financeira e possui “Disponibilidade”, possivelmente por já ter os seus filhos criados ou a vida mais estável. Já comprovamos que essa faixa escolhe uma trilha muito mais pelos serviços agregados e disponíveis do que pelo valor a ser pago” – explica o especialista.