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Os dois últimos corpos da queda do paredão no Lago de Furnas, em Capitólio no sábado (8), foram encontrados na tarde deste domingo (9).A informação foi confirmada pelo Corpo de Bombeiros de Minas Gerais durante coletiva de imprensa.
Ao todo são 10 mortos no acidente. Sete foram encontrados ainda no sábado e os outras três nas buscas deste domingo.
Cinco mortos já foram identificados. (leia detalhes mais abaixo). Todas as pessoas estavam na lancha chamada “Jesus”. Eles estavam hospedados em uma pousada em São José da Barra e eram familiares e amigos uns dos outros.
As equipes de buscas não trabalham mais com a possibilidade de desaparecidos. A rocha atingiu mais três embarcações que estavam na área por volta das 12h30, segundo os bombeiros. Um vídeo mostra o momento em que as lanchas são atingidas (veja vídeo acima).
Segundo os bombeiros, partes de corpos foram encontrados e levadas para a Polícia Civil. As buscas continuam para encontrar outros fragmentos. O Governo de Minas Gerais decretou luto oficial de três dias em todo o estado.
O porta-voz do Corpo de Bombeiros disse, em entrevista para a GloboNews que não há previsão para o fim das buscas em Capitólio (veja abaixo).
Vítimas já identificadas no acidente em Capitólio — Foto: Reprodução
O primeiro a ser identificado pela Polícia Civil na manhã deste domingo foi Júlio Borges Antunes, de 68 anos. Ele era de Alpinópolis (MG) e o corpo já foi liberado para a família. À noite a polícia confirmou a identificação de outras quatro pessoas.
Júlio Borges Antunes foi a primeira vítima identificada no desabamento em Capitólio no sábado — Foto: Redes sociais
Vítimas que ainda aguardam identificação oficial:
A polícia aguarda a resposta dos laudos e dos testes de DNA para ter a comprovação oficial da identificação das vítimas. O mais jovem do grupo tinha 14 anos.
Ainda não se sabe o que provocou o acidente. Além da Polícia Civil, a Marinha informou que um inquérito será instaurado para apurar as causas do deslizamento de pedras no Lago de Furnas.
O prefeito de Capitólio, Cristiano Geraldo da Silva (Progressista), disse em entrevista coletiva neste domingo que não havia ocorrido acidentes como este e por isso não há um estudo ou análise geológica sobre os paredões.
Pela manhã o prefeito já tinha anunciado o fechamento do turismo aquático na cidade. Segundo ele, estão fechadas as entradas dos cânions e também do local conhecido como Cascatinha,
Também neste domingo, Furnas Centrais Elétricas divulgou uma nota sobre o acidente.
“FURNAS lamenta profundamente o acidente e verdadeiramente se solidariza com as vítimas e seus familiares. A empresa esclarece que utiliza a água do lago para a geração de energia elétrica, por meio de Contrato de Concessão de Geração de Serviço Público, e que compete à Marinha do Brasil e aos respectivos poderes públicos locais a gestão dos demais usos múltiplos do reservatório, dentre os quais as atividades econômicas de turismo profissional.
FURNAS apoia por meio de iniciativas e projetos socioambientais as 34 prefeituras e suas defesas-civis existentes no entorno do lago, que é um dos maiores lagos artificiais do mundo com mais de 3.500 km de perímetro, mas não tem poderes para desenvolver fiscalização e/ou outorgas de licenças para atividades de turismo e lazer.
FURNAS reforça que o Corpo de Bombeiros, a Marinha do Brasil, Polícia Civil e Federal, bem como a Defesa Civil de Minas Gerais estão conduzindo operações de resgate e apurações sobre o ocorrido em Capitólio.
Segundo balanço divulgado pelo Corpo de Bombeiros na manhã deste domingo, 50 militares estão empenhados na operação no cânion, entre bombeiros militares e militares da Marinha do Brasil; 11 mergulhadores dos bombeiros empenhados, especialistas nesse tipo de operação e já familiarizados com a área de busca; 4 lanchas e 3 motos aquáticas da Marinha e dos bombeiros lançadas no local de busca já delimitado, além do apoio de 7 viaturas.
O Corpo de Bombeiros de Minas Gerais confirmou 10 mortes pelo deslizamento.
Já foram confirmados que entre as vítimas, há 4 mulheres e 4 homens; não foram divulgados os outros gêneros.
No sábado, o coronel dos bombeiros Edgard Estevo, disse primeiramente que a estimativa era que 20 pessoas estivessem desaparecidas. Entretanto, em entrevista para a EPTV, afiliada da Globo, o tenente Pedro Aihara afirmou queseriam quatro pessoas desaparecidas e que eles conseguiram contato com as outras vítimas. Pouco depois, o número foi atualizado para três desaparecidos.
Segundo o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, 32 pessoas foram atendidas por causa do acidente, a maioria com ferimentos leves.
Dessas, 27 foram atendidas e liberadas: 23 delas da Santa Casa de Capitólio e outras 4 da Santa Casa de São José da Barra, a 46 km de Capitólio.
Ninguém foi identificado até agora. Guarnições de Passos e Piumhi foram deslocadas para a região paraprestar atendimento às vítimas.
Feridos em acidente em Capitólio (MG) foram levados para cidades próximas; veja no infográfico — Foto: G1
A região de Capitólio e outras cidades banhadas pelo Lago de Furnas, no Centro-Oeste de Minas, é bastante procurada por turistas por sua beleza natural.
Assim como outras partes do estado, a região tem sido atingida pelas chuvas recentes: na sexta-feira (7), o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) havia emitido um alerta de chuvas intensas, que durariam até a manhã deste sábado.
Neste sábado (8), Defesa Civil de Minas Gerais havia feito um alerta sobre chuvas intensas e a possibilidade de ocorrências de “cabeça d’água’ em Capitólio, mas não há confirmação que essa foi a causa do acidente. A Marinha disse que investiga o motivo de os passeios serem mantidos.
O porta-voz do Corpo de Bombeiros de Minas, Pedro Aihara, explicou que a formação rochosa do local é do tipo sedimentar, o que torna as estruturas dos paredões frágeis, e a quantidade de chuvas agravou a situação por acelerar a erosão. Veja a explicação sobre a situação do solo:
“A gente tem uma formação rochosa que é basicamente composta por rochas sedimentares, então são rochas que naturalmente têm uma resistência muito menor à atuação dos ventos, da água, dos elementos naturais que atuam sobre a região”, explicou Aihara.
“Uma outra situação que acabou infelizmente agravando foi porque a rocha cai numa trajetória perpendicular. Geralmente, quando a gente tem ruptura por tombamento, a rocha sai de uma forma mais fatiada, ela escorre por aquela estrutura e cai de uma forma ou diagonal ou então mesmo em pé. Nesse caso, como a gente teve esse tombamento perpendicular, e pelo tamanho da rocha, a gente acabou tendo essas pessoas diretamente afetadas”, explicou o bombeiro.
Para o especialista em gerenciamento de risco, Gustavo Cunha Melo, uma tromba d’água – inicialmente citada pelos bombeiros como motivo do deslizamento – pode ter agido como um gatilho para o deslizamento, mas não foi necessariamente a causa do problema.
Para Melo, a rocha se desprenderia de qualquer jeito, por causa da erosão:
“Essa rocha já estava com muita erosão, totalmente fragmentada, ela iria desabar em algum momento. A tromba d’água pode explicar o desabamento neste momento? Pode, assim como também não precisava nada – ela ia desabar em algum momento por erosão, por um processo natural”, afirmou.
Nestes casos, segundo o especialista, o gerenciamento de risco consiste em isolar o local.
“Não tem muito o que fazer nessas situações. O gerenciamento de risco é: manter distância. Você tem que isolar a área. A única gestão de risco que é feita é isolar a área. Infelizmente ali as embarcações estavam muito próximas e o desabamento aconteceu nesse mesmo momento”, explicou Melo.
O geólogo Fábio Braz, da Sociedade Brasileira de Geologia, relacionou o desprendimento das rochas às chuvas – intensas e por um longo período – e classificou o acidente como “raro”:
“Fica cada vez mais evidente que realmente as fortes chuvas contribuíram para a queda desse bloco. Esse fraturamento vertical é típico de regiões de cânion. A gente também observa nos cânions do Rio São Francisco o mesmo tipo de feição”, explicou.
“É um fenômeno raro. Não descaracteriza o apelo turístico da região de Capitólio. É preciso, sim, que sejam tomadas, a partir dessa tragédia, as precauções necessárias, as distâncias, que seja calculado por especialistas na área de geotecnia qual a distância segura desses paredões”, disse Braz.
Um segundo vídeo mostra passageiros de uma das lanchas tentando avisar sobre o deslizamento da pedra segundos antes de ela cair:
O governador de Minas, Romeu Zema (Novo), lamentou o acidente na rede social Twitter:
“Sofremos hoje a dor de uma tragédia em nosso Estado, devido às fortes chuvas, que provocaram o desprendimento de um paredão de pedras no lago de Furnas, em Capitólio. O Governo de Minas está presente desde os primeiros momentos através da Defesa Civil e Corpo de Bombeiros”, escreveu Zema.
“Os trabalhos de resgate ainda estão em andamento. Solidarizo com as famílias neste difícil momento. Seguiremos atuando para fornecer o apoio e amparo necessários”, completou.
Por meio de nota, a Marinha do Brasil informou que um inquérito será instaurado para apurar causas, circunstâncias do acidente (Veja nota completa mais abaixo).
A Polícia Civil de Minas informou que está no local para identificar os danos e as causas do acidente.
Pedra desliza sobre turistas em Capitólio — Foto: Redes Sociais/Reprodução
Confira a íntegra da nota da Marinha
A Marinha do Brasil informa que tomou conhecimento de um acidente, no fim da manhã de hoje, após deslizamento de rochedo atingir embarcações que navegavam a região dos cânions, em Capitólio-MG.
A DelFurnas deslocou, imediatamente, equipes de Busca e Salvamento (SAR) para o local, integrantes da Operação Verão ora em andamento, a fim de prestar o apoio necessário às tripulações envolvidas no acidente, no transporte de feridos para a Santa Casa de Capitólio, e no auxílio aos outros órgãos atuando no local.
Um inquérito será instaurado para apurar causas, circunstâncias do acidente/fato ocorrido.
Corpo de Bombeiros foram deslocados para prestar atendimento às vítimas — Foto: Corpo de Bombeiros/Divulgação
Fonte: G1 Centro-Oeste de Minas — Capitólio – 09/01/2022 14h58