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Ante os apelos, o Kremlin informou nesta quinta-feira, 5, que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ordenou cessar-fogo de dois dias na Ucrânia, entre os dias 6 e 7 de janeiro. “Em vista do chamado de Sua Santidade o patriarca Kirill, instruo o ministro russo da Defesa a introduzir um regime de cessar-fogo ao longo de toda linha de contato entre as partes na Ucrânia, a partir das 12h de 6 de janeiro deste ano até as 24h de 7 de janeiro”, afirmou Putin, conforme o comunicado divulgado pelo Kremlin. O líder russo vinha sofrendo pressão de aliados internos e externos para acabar com os bombardeios no Natal ortodoxo. Na quarta-feira, 4, o patriarca Kirill de Moscou, chefe da Igreja Ortodoxa Russa que é próximo a Putin, fez um pedido ao líder. “Eu, Kirill, patriarca de Moscou e de toda a Rússia, dirijo-me a todas as partes envolvidas no conflito fratricida para lhes pedir que estabeleçam um cessar-fogo e uma trégua de Natal”, anunciou no site da Igreja. O líder ortodoxo de 76 anos pediu que as armas silenciem no dia 6 de janeiro às 12h (7h no horário de Brasília) até meia-noite do dia 7 para o dia 8 de janeiro (19h do dia 7 no horário de Brasília). Segundo ele, esta trégua permitirá aos ortodoxos “assistirem às missas na véspera de Natal e no dia do nascimento de Cristo” na Ucrânia.
Esta mensagem, no entanto, pode ter pouco impacto na Ucrânia, que considera esse apelo uma “armadilha cínica” e um “elemento de propaganda”. Nos últimos anos, a influência do Patriarcado de Moscou diminuiu até a criação, entre 2018 e 2019, de uma Igreja independente da tutela religiosa russa. Em maio, logo após o início da invasão russa, a Igreja Ortodoxa Ucraniana rompeu relações com Moscou. Os apelos de cessar-fogo ocorrem dias depois de um ataque ucraniano na véspera de Ano Novo com pelo menos 89 soldados russos mortos em Makeyevka, na região anexa de Donetsk. O Exército russo admitiu este balanço, atitude sem precedentes, e foi alvo de duras críticas.
Em conversa com seu aliado turco, Recep Tayyip Erdogan, Putin também se mostrou disposto a negociar cessar-fogo unilateral na guerra, porém, afirmou que para isso acontecer, os ucranianos precisam atender as exigências russas e aceitar “as novas realidades territoriais” que surgiram após a invasão do país no final de fevereiro – em setembro de 2022, Moscou reivindicou a anexação de quatro regiões que ocupa parcialmente na Ucrânia, assim como já havia feito com a península ucraniana da Crimeia em março de 2014. A declaração foi dada durante uma conversa com o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan. “Os apelos pela paz e as negociações entre Moscou e Kiev teriam de ser apoiados por um cessar-fogo unilateral”, disse o chefe de Estado turco a Putin, em uma conversa por telefone, conforme comunicado divulgado por Ancara. Em sua conversa com Erdogan, Putin denunciou novamente o “papel destrutivo dos Estados ocidentais” no conflito. Ele acusou os países ocidentais de fornecerem a Kiev “armas e equipamentos militares, informações operacionais e alvos”, segundo um comunicado do Kremlin. Apesar do posicionamento russo, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, recusa-se a negociar com a Rússia enquanto Putin estiver no poder, insistindo em que o objetivo é recuperar todos os territórios ocupados.
Fonte: Jovem Pan – 05/01/2023 12h37