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O cantor sertanejo Gusttavo Lima, já conhecido por ser um dos artistas mais bem pagos do Brasil, voltou a se envolver em polêmicas após realizar ações publicitárias da empresa de apostas Vai de Bet em dois shows bancados com verba pública. As apresentações, realizadas em junho durante as festas de São João 2024 em Maceió (AL) e Santa Rita (PB), renderam ao cantor cachês milionários, além de críticas por promover a casa de apostas no palco durante eventos financiados por prefeituras.
Nos shows, que custaram R$ 1,2 milhão e R$ 1,1 milhão, respectivamente, Gusttavo Lima interrompeu suas performances para divulgar a Vai de Bet, chamando fãs ao palco para girar uma roleta com prêmios entre R$ 1.000 e R$ 10.000. A ação durou cerca de dez minutos, e o cantor também distribuiu bonés da empresa ao público, além de fazer constantes menções à marca durante as apresentações.
A promoção da Vai de Bet nos shows públicos gerou questionamentos, especialmente após o envolvimento de Gusttavo Lima em uma investigação por lavagem de dinheiro. O cantor foi citado na Operação Integration, da Justiça de Pernambuco, que investiga o uso de bets (sites de apostas) para ocultação de dinheiro ilícito. Segundo a investigação, Gusttavo Lima teria adquirido 25% das ações da Vai de Bet, embora sua defesa afirme que ele é apenas garoto-propaganda da empresa.
A juíza Andréa Calado da Cruz, que decretou a prisão preventiva de Gusttavo Lima no dia 23 de setembro, alegou que o cantor teria ajudado os donos da Vai de Bet, José André da Rocha Neto e Aislla Sabrina Truta Henriques Rocha, a fugirem para a Europa após serem alvos da Justiça. A prisão foi revogada no dia 24, após o desembargador Eduardo Guilliod não encontrar provas suficientes de que Gusttavo auxiliou na fuga.
A questão de Gusttavo Lima fazer propaganda da Vai de Bet em shows financiados com verba pública acendeu um debate sobre o uso de eventos financiados por prefeituras para promover marcas privadas. Em Maceió e Santa Rita, onde os shows ocorreram, a Vai de Bet foi uma das patrocinadoras das festas juninas, mas em nenhum dos contratos havia menção a ações publicitárias feitas diretamente no palco pelos artistas.
Enquanto é comum que empresas patrocinem grandes festas públicas como o São João, a prática de inserir propagandas diretamente no show — ainda mais feitas pelo próprio cantor — levantou suspeitas. Nos shows de outros artistas presentes nas mesmas festas, as marcas ficaram restritas a placas ao redor do palco, sem menções durante a apresentação. No caso de Gusttavo Lima, as propagandas geraram uma renda extra, mas os termos desses acordos não foram divulgados pelas prefeituras envolvidas.
A Prefeitura de Maceió, quando questionada sobre os contratos, afirmou que tudo estava “amparado na legislação municipal”, mas não informou valores ou detalhes sobre a porcentagem destinada ao artista ou à cidade. Já a Prefeitura de Santa Rita não se manifestou.
Atualmente, Gusttavo Lima detém o maior cachê da música brasileira, cobrando entre R$ 900 mil e R$ 1,2 milhão por show, tanto em eventos públicos quanto privados. Em 2024, o cantor já realizou 20 shows patrocinados por prefeituras, acumulando um total de R$ 21,9 milhões até o momento. Esses números impressionam, mas também atraem críticas devido à origem dos recursos, que vêm, em grande parte, dos cofres públicos.
Em seus shows, Gusttavo Lima tem o hábito de elogiar os prefeitos responsáveis por viabilizar os eventos, frequentemente se referindo a eles como “paizões” ou “prefeitões”. Tanto o prefeito de Santa Rita, Emerson Panta (PP), quanto o prefeito de Maceió, JHC (PL), receberam elogios do cantor durante as apresentações.
Essa não é a primeira vez que Gusttavo Lima enfrenta críticas por suas apresentações financiadas por prefeituras. Em 2022, ele esteve no centro de uma polêmica iniciada por seu colega sertanejo Zé Neto, da dupla com Cristiano, que criticou o uso da Lei Rouanet e ressaltou que “o cachê de shows sertanejos é pago pelo povo”. Na época, Gusttavo Lima teve diversos shows investigados, levando ao cancelamento de cinco apresentações que somariam R$ 4,7 milhões.
Após as críticas de 2022, o cantor reduziu o número de shows públicos em 2023, realizando apenas três apresentações financiadas por prefeituras, que totalizaram R$ 2,5 milhões. No entanto, em 2024, o número de shows bancados com verba pública disparou, com 20 apresentações realizadas até agora, totalizando R$ 21,9 milhões.
A crescente participação de Gusttavo Lima em shows públicos, somada à recente polêmica envolvendo a Vai de Bet, coloca o cantor no centro de um debate sobre ética no uso de verbas públicas e a relação entre artistas e patrocinadores em eventos financiados por prefeituras.
Embora a prisão preventiva do cantor tenha sido revogada, as investigações continuam, e o envolvimento dele com a Vai de Bet ainda pode trazer novos desdobramentos. Enquanto isso, Gusttavo segue sendo um dos maiores nomes da música sertaneja e, sem dúvida, um dos mais polêmicos.
Fonte: movimentocountry – Hedmilton Rodrigues – 27 de setembro de 2024