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Do Sul de MG para o Mundo: Conheça Vanusia Nogueira, a 1ª mulher a dirigir a Organização Internacional do Café - Rádio Rede FM


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Do Sul de MG para o Mundo: Conheça Vanusia Nogueira, a 1ª mulher a dirigir a Organização Internacional do Café

 

 

 

Após 13 anos à frente da BSCA (Brazilian Special Coffes Association), a sul-mineira Vanusia Nogueira está de malas prontas para morar em Londres e assumir a direção da OIC (Organização Internacional do Café) no próximo dia 1º de maio. A primeira mulher a assumir a entidade pelos próximos 5 anos terá que tratar de temas como, por exemplo, a geração de renda para os pequenos produtores, sustentabilidade e o fortalecimento da instituição.

O processo que levou Vanusia a ser indicada para o cargo começou em fevereiro de 2021, quando o atual diretor executivo da entidade, o também brasileiro José Dauster Sette, anunciou que não pretendia mais ficar no cargo.

“Naquele momento, houve a discussão se o Brasil teria outro candidato ou não. Nessa discussão envolvendo o setor privado surgiu meu nome. Como esse cargo sempre foi muito ligado à diplomacia e eu sou setor privado raiz, pensei que meu nome não passaria”, afirmou Vanusia.

Vanusia Nogueira será a primeira mulher a dirigir a Organização Internacional do Café — Foto: Divulgação BSCA

Vanusia Nogueira será a primeira mulher a dirigir a Organização Internacional do Café — Foto: Divulgação BSCA

 

 

 

 

Ao contrário do que ela pensou, seu nome ganhou o apoio de várias entidades e órgãos ligados ao setor cafeeiro.

“E, ao chegar em Brasília (DF), todos concordaram e acharam a ideia ótima pelo fato de eu ter uma experiência enorme dentro do setor e por ser mulher. Sou uma pessoa muito conhecida no mercado de café como um todo, muitos países com os quais eu mantenho relações há muito tempo foram dando apoio e a coisa foi se delineando”, recordou.

Vanusia foi eleita durante a 131ª Sessão do Conselho Internacional do Café nos dias 9 e 10 de fevereiro de 2022. Seu nome recebeu apoio dos setores público, privado e da diplomacia brasileira.

“Esse é o reconhecimento de toda uma carreira dedicada ao café. Conversando com minha mãe, ela disse que o café faz parte da minha vida e um ápice de reconhecimento como esses, é uma coisa sensacional”, afirmou.

 

 

 

Filha do café

Vanusia Nogueira nasceu em Santa Rita do Sapucaí (MG), terra natal de sua mãe. Aos 5 anos de idade, ela se mudou para Três Pontas (MG) onde permaneceu até os 17 anos. Fez o terceiro ano do ensino médio em Belo Horizonte (MG) e, na sequência, foi para o Rio de Janeiro (RJ). Em 2002, voltou para Três Pontas. E, a partir de 2007, Vanusia começou a fazer projetos para a BSCA até assumir a entidade em 2009.

Vanusia Nogueira esteve à frente da BSCA por 13 anos — Foto: Divulgação BSCA

Vanusia Nogueira esteve à frente da BSCA por 13 anos — Foto: Divulgação BSCA

 

 

 

 

E a presença do café marcou os primeiros anos da vida de Vanusia. “Meu pai é de Três Pontas (MG) e era funcionário do Instituto Brasileiro do Café (extinto em 91) que atendia todo Sul de Minas. Ele foi fazer uma série de inspeções e conheceu minha mãe na cidade dela, no final da década de 1950”, emendou.

O café não esteve presente na vida de Vanusia apenas entre os anos de 1980 a 2002. Nesse período, ela fez engenharia de sistemas e estatística. Também fez doutorado em Administração, mestrados em Gestão e em Gestão Avançada de Projetos. Trabalhou com tecnologia da informação e em uma empresa de auditoria. Morou nos Estados Unidos, Argentina, Chile, Colombia, Alemanha e Espanha.

Vanusia e o pai nos tempos da cooperativa — Foto: Arquivo Pessoal

Vanusia e o pai nos tempos da cooperativa — Foto: Arquivo Pessoal

 

 

 

 

Tantas títulos demonstram que Vanusia realmente é apaixonada pelos estudos.

“Amo estudar. O estudo faz parte do meu dia a dia e da minha vida. Já assumi um compromisso com os embaixadores da África que vou aprender francês também”, afirmou Vanusia, que já fala espanhol, português e inglês.

A mudança para Londres deixa Vanusia, que é filha única, com o “coração na mão ” por deixar os pais já idosos no Sul de Minas. Mas ela afirmou que desafio dado é desafio cumprido e que viajar nunca foi um problema.

“Já morei em diversos países mas estar num lugar tão plural como é Londres ainda tem muito a acrescentar”, apostou.

 

 

 

13 anos de BSCA

O maior desafio de Vanusia Nogueira à frente da BSCA foi mudar a visibilidade da associação. “Já havia um reconhecimento internacional muito grande da BSCA. Mas aqui era vista como um grupo de elite que não era acessível a todos os produtores”, recordou.

Além dessa mudança de ponto de vista, outros frutos de seu trabalho na BSCA foram possíveis através da confiança e liberdade concedida pelos três conselhos da associação.

“A maior facilidade que eu tive desde o início for ter uma relação fantástica com os três conselhos da BSCA. Tive deles um apoio muito grande para inovar e buscar alternativas para que a entidade se tornasse mais conhecida e reconhecida internamente e alçasse mais voos lá fora”, afirmou. “Hoje, a BSCA é uma referência mundial em cafés especiais nos quesitos volume e sustentabilidade. Tudo foi sendo construído aos pouquinhos”, contou.

Vanusia (à direita) em evento da BSCA — Foto: Arquivo Pessoal

Vanusia (à direita) em evento da BSCA — Foto: Arquivo Pessoal

 

 

 

Outro destaque dos últimos anos da BSCA é o crescimento do “Cup of Excellence” no país. O principal concurso de qualidade para café do mundo, foi criado em 1.999 no Brasil com o nome de “Best of Brazil”. Em 2001, tornou-se “Cup of Excellence” e já era muito reconhecido no mundo dos cafés especiais. O concurso foi responsável pela denominação de origem da Região Mantiqueira de Minas e da Chapada Diamantina na Bahia.

“O que eu acho que eu fiz foi dar muito barulho para ele. Nesse tempo que temos os veículos de comunicação mais acessíveis para população, fizemos o prêmio se tornar mais reconhecido e com tantas amostras como acontece hoje”, concluiu.

 

 

 

A primeira mulher

Vanusia Nogueira será a primeira mulher a ser diretora executiva da OIC.

“Se você faz bem um trabalho não importa seu gênero. Você tem condições de chegar lá. O fato de ser mulher para mim é algo normal. Venho de uma família com muita presença masculina. Sempre fui muito de colocar minhas posições com uma personalidade muito firme. Mulher deve sempre se mostrar competente para que seja respeitada”, Disse.

Ela relembra que o fato de ser filha de um diretor de cooperativa ajudou no começo. “O fato do meu pai ser diretor de uma cooperativa por 30 anos ajudou muito. Dentro desse processo, ele se tornou uma pessoa muito respeitada e todos sabiam qual era meu berço”, relembrou.

Sobre sr uma inspiração para outras mulheres, Vanusia afirmou que isso “traz uma responsabilidade enorme”.

“Se você tem um sonho, um objetivo, não o perca. Trabalhe nele com muita serenidade e faça o que você tem o prazer de fazer com muito amor”, aconselhou.

 

 

 

Desafios

Vanusia será primeira mulher a ser diretora-executiva da OIC — Foto: Arquivo Pessoal

Vanusia será primeira mulher a ser diretora-executiva da OIC — Foto: Arquivo Pessoal

 

 

 

 

Perguntada sobre os desafios que ela vislumbra antes de assumir a OIC, Vanusia listou três questões. A primeira é sobre a geração de renda para os pequenos produtores.

“Precisamos trabalhar de uma forma que os produtores recebam uma margem que os propicie uma vida digna. (…) A OIC trabalha para todos os elos da cadeia mas devemos buscar esse equilíbrio onde os produtores consigam ter, em trabalhando de uma forma profissional, correta, consigam ter uma renda digna”, disse.%

“A OIC vinha com uma certa dificuldade de orçamento que piorou com a pandemia. Ela vive das contribuições feitas pelos países membros. A partir do momento que você tem os membros com dificuldades econômicas, isso complica muito. A OIC deve ser vista como alguém que agrega aos seus países-membros e que trabalha com um orçamento cada vez mais enxuto agregando bastante”, falou.

Um terceiro ponto é aproximar as Organizações Não-Governamentais (ONGs) e o setor privado.

“Muitos dos problemas e soluções vão partir deles. Se temos problema de renda em uma série de países para os produtores, a gente precisa da indústria junto para conseguir resolver isso”, concluiu.

 

 

 

 

Fonte: G1 Sul de Minas – 21/04/2022 08h01

 

 

 

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