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A história da aviação em Lavras remonta de muito tempo, mais precisamente há 93 anos, e o primeiro contato dos lavrenses com um avião foi em um acidente aéreo, ocorrido aqui no dia 6 de outubro de 1930.
Segundo o historiador Valério Júlio, neste dia, depois de sobrevoar a cidade e fazer diversos voos rasantes sobre as oficinas da Rede Mineira de Viação (RMV), o avião caiu onde é hoje o campus da Universidade Federal de Lavras (Ufla). O avião era um Morane Saulnier 130, equipado com motor Salmson de 240 C.V., de prefixo K-224, pilotado pelo sargento Ajudante Carlos Brunswick França, tendo como mecânico o 3º Sargento Dinarco Reis, eles não se feriram.
Eles faziam parte das tropas paulistas da revolução de 1930, que pôs fim à chamada “República Velha”. Os mineiros apoiavam Getúlio Vargas e São Paulo queria depô-lo, teoricamente, o sargento Ajudante Carlos Brunswick França e o mecânico o 3º Sargento Dinarco Reis eram “inimigos”, mas que em Lavras se tornaram ídolos.
Sem exagero, todos os moradores de Lavras queriam ver de perto aquela máquina que voava e correu muita gente para o local do acidente.
O avião foi trazido puxado por uma junta de bois e muitas vezes, carregado nas costas pelos lavrenses e levado até o alto da cidade, onde havia uma planície, onde mais tarde se construiu o primeiro campo de aviação de Lavras.
Muita gente desconhece esta história, o primeiro campo foi construído onde hoje existe o quartel do Corpo de Bombeiros, a igreja Santa Efigênia e o Batalhão. O segundo “campo de aviação” foi construído depois onde hoje é o Distrito Industrial. O avião foi consertado com a ajuda de muita gente, entre eles, o senhor Joaquim Teixeira da Silva, um seleiro que tinha uma oficina na praça Dr. Jorge, ele era pai do artista plástico Luiz Teixeira da Silva, que fez as ilustrações no hangar do Aeroclube, Luiz faleceu recentemente. Foi Joaquim que costurou as asas do avião.
Depois de tudo pronto, sob os olhares de todos os moradores de Lavras, a aeronave decolou sob os aplausos dos lavrenses rumo a São Paulo, o território “inimigo”.
Não se sabe se a queda do avião em Lavras foi decisivo para os jovens a ingressarem na carreira da aviação, mas podemos arriscar a dizer que certamente pelo menos teve alguma influência. A paixão pelos aviões se agigantou em Lavras e no dia primeiro de novembro de 1940, portanto dez anos depois da queda do avião, foi fundado em Lavras o Aero Clube de Lavras, uma iniciativa do capitão Santos Ferreira Cavalcante e o médico Jacintho Scorza, tendo como beneméritos Fugência Scorza e o português Antônio Vaz Monteiro, o maior incentivador da aviação em Lavras.
Em janeiro de 1943, embarcou com destino ao Rio de Janeiro, na manhã do dia 23, o capitão Santos Cavalcante, com a missão de buscar naquela cidade o avião “João Ramalho”, para o Aero Clube de Lavras. A primeira aeronave do Aero Clube chegou, o avião “João Ramalho”, doado por industriais de São Bernardo em São Paulo, ele chegou a Lavras no dia primeiro de fevereiro de 1943, começando aí a história do hoje Aeroclube de Lavras.
São muitos fatos que marcaram a história do Aeroclube de Lavras, mas neste mês de abril tem dois fatos interessantes e eles foram registrados exatamente no dia 20. O primeiro foi há 72 anos e o segundo há 38 anos.
O primeiro foi uma aventura de dois jovens, eles embarcaram, no dia 20 de abril de 1951, num pequeno avião e foram para Birigui (SP), a fim de representar Lavras na Convenção Nacional de Aviação Civil. Os dois jovens fizeram uma escala em Poços de Caldas, onde pernoitaram, e no dia seguinte seguiram viagem até Birigui. A aventura dos dois jovens foi muito comentada, já que a aeronave foi – na sua classe – a que venceu a maior distância. Os dois jovens que escreveram seus nomes na história da aviação de Lavras foram: o ex-prefeito Leonardo Venerando Pereira, o Nadinho, e Sérgio Botelho, o Serginho da Lotérica Gandula.
A segunda marca de abril, também no dia 20, e com um peso muito especial: no dia 20 de abril de 1985, há 38 anos, o Departamento de Aviação Civil (DAC) homologou a Escola de Pilotagem do Aeroclube de Lavras.
A história do Aeroclube pode ser dividida em duas: antes de Walter José Pires e Fabiano Tadeu Maia Soares e depois deles. Foram eles que conseguiram transforar o Aeroclube de Lavras numa referência nacional.
A Escola de Pilotagem já formou profissionais que hoje voam em companhias aéreas nacionais e estrangeiras, alunos de todos os estados da federação já passaram pela Escola de Pilotagem em Lavras, muitos são pilotos de aviação agrícola. Hoje a escola tem dez alunos, eles são do Acre, Matogrosso, Rio Grande do Sul e outros estados. Os alunos ficam hospedados em alojamento próprio do Aeroclube, eles não pagam pelo alojamento que tem a capacidade de acolher até 19 pessoas.
O Aeroclube tem seis instrutores, sendo uma mulher, Raquel Brito das Neves, ela é carioca, filha de portugueses e reside em Lavras.
A Escola de Pilotagem tem nove aviões, três planadores e um simulador de voo, e ela oferece três cursos: piloto privado, piloto comercial e curso de aperfeiçoamento em aeronaves em multimotores (avião de dois motores) e voo por instrumentos (IFR).
O Aeroclube tem também salas de reunião, instrução de voo, dois hangares que abrigam dois helicópteros e seis aeronaves de particulares.
Também são oferecidos voos panorâmicos para a população. É um passeio muito interessante: sobrevoar Lavras, a represa do Funil, Ijaci, Ribeirão Vermelho e poder apreciar as belezas da nossa região.