“Eu estava lá no quarto, a minha vó estava na cozinha com a minha prima. Quando escuto a minha avó pedindo para ligar para o meu pai, ela estava desesperada, porque meu pai é policial militar. Então eu já pensei, se ela está pedindo para ligar para o meu pai, é porque aconteceu alguma coisa séria”, contou.

A princípio, Maria Júlia conta que pensou se tratar de um acidente doméstico, mas ao chegar na cozinha, encontrou a criança engasgada.

“Na minha cabeça ela tinha caído no chão, eu pensei que ela tivesse caído no chão. Só que quando eu cheguei lá eu me deparei com um cenário diferente: a minha priminha engasgada. Ela estava vermelha, ela chorava sem emitir som, escorria lágrimas, ela estava muito vermelha, realmente estava obstruída a garganta dela. E a minha avó estava muito desesperada”, relatou.

Conforme a estudante, a avó já estava segurando a criança, então ela se aproximou e realizou a manobra de Heimlich – que consiste em fazer pressão sobre o diafragma da pessoa engasgada a fim de provocar a tosse forçada, o que fará com que o objeto que esteja provocando o engasgo seja expelido.

“Na hora eu estava um pouco nervosa, só que depois eu pensei: ‘Não, eu já fiz isso na escola, eu tenho capacidade para realizar, eu fiz na prática, eu vou conseguir, eu vou fazer isso. Em nome do senhor Jesus, vai dar tudo certo’. Eu cheguei lá, eu desobstruí a gargantinha dela com a manobra, ela ficou bem, graças a Deus, tudo certo”, disse Maria Júlia.

Apesar de ter ficado bastante assustada no começo, a menina relata que após o procedimento a prima desengasgou e rapidamente voltou ao normal.

E tudo isso só foi possível porque Maria Júlia participou de aulas de primeiros socorros na escola onde estuda em Passos. Para o pai, Marcilio Nunes da Cruz, a atitude é digna de orgulho.

“O coração [está] cheio de alegria, né? Muito orgulhoso pelo feito da Maria Júlia. Saber que graças ao acesso, à informação, ao treinamento que o Colégio Tiradentes de Passos ofereceu a ela, ela conseguiu trazer de volta a situação normal de vida, a priminha, é motivo de muita alegria, muita gratidão a Deus por isso. […] Elas não conseguiram me ligar, porque a minha sogra pedia que ligasse, mas como a Maria Julia interviu ali, com sabedoria, graças a Deus foi sucesso a ação. Eu só fui saber depois, através da minha outra filha, quando elas já chegaram em casa”, relatou o pai.

Para realizar a Manobra de Heimlich, o Ministério da Saúde orienta a se posicionar por trás e enlaçar a vítima com os braços ao redor do abdome (se for uma criança, ajoelhe-se primeiro), caso ela esteja consciente.

Uma das mãos permanece fechada sobre a chamada “boca do estômago” (região epigástrica). A outra mão comprime a primeira, ao mesmo tempo em que empurra a “boca do estômago” para dentro e para cima, como se quisesse levantar a vítima do chão. Faça movimentos de compressão para dentro e para cima (como uma letra “J”), até que a vítima elimine o corpo estranho.

Já em caso de engasgo em bebês, coloque-o de bruços em cima do seu braço e faça cinco compressões entre as escápulas (no meio das costas). Vire o bebê de barriga para cima em seu braço e efetue mais cinco compressões sobre o esterno (osso que divide o peito ao meio), na altura dos mamilos.

Tente visualizar o corpo estranho e retirá-lo da boca delicadamente. Se não conseguir, repita as compressões até a chegada a um serviço de emergência (pronto-socorro ou hospital).

Esses procedimentos são válidos somente se a criança ou o adulto engasgado estiverem conscientes. Vítimas inconscientes precisam de atendimento hospitalar rapidamente. Os primeiros socorros para asfixia ou engasgo devem ser tomados até que seja possível o atendimento especializado.

Dica: se a pessoa estiver falando, tossindo ou chorando, não faça a manobra, porque a vítima ainda consegue respirar.