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Um novo terremoto foi registrado em algumas cidades do Recôncavo baiano na madrugada desta segunda-feira (31). De acordo com a Defesa Civil do estado, o tremor foi sentido por volta das 3h40 da manhã por moradores dos municípios de Amargosa e São Miguel das Matas, Laje e Santo Antônio de Jesus. Não há registro de ocorrências graves ou feridos até o momento.
O fenômeno foi classificado com a magnitude 3.5 na escala Richter. Pesquisadores do Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP) informaram que a região do Recôncavo baiano tem histórico significativo de sismicidade, e que 9 tremores foram registrados entre 2018 e 2019.
A região registrou no domingo (30) movimentações de terra em pelo menos 80 municípios, com magnitude de 4.6. Os relatos foram reportados na página do Centro de Sismologia da USP entre 7h e 9h. Pesquisadores informaram que o motivo do tremor está sob análise. Mais tarde, tremores mais leves foram registrados novamente.
À CNN, Aderson Nascimento, coordenador do Laboratório de Sismologia (LabSis) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), explicou o fenômeno e disse que episódios como este não são comuns no Brasil, o que pode afetar psicologicamente a população. No entanto, ele garantiu que o monitoramento é essencial para o acompanhamento das movimentações das placas tectônicas.
Foto: CNN Brasil
“O que causa estes terremotos são as falhas geológicas que estão sendo ativadas naquela região. A gente tem a percepção que o Brasil não está em uma borda de placa tecnônica. Quando temos uma estrutura geológica, mesmo quando ela está no interior de uma placa, ela é cheia de falhas, às vezes muito antigas. Chega um momento que estas falhas não suportam mais a pressão e a energia acumulada é liberada na forma de terremoto e parte dela chega à superfície”, explica.
“Este tipo de fenômeno acontecesse em outras regiões do mundo como Austrália, África, parte dos EUA, Canadá, China e Rússia. A diferença é que no Recôncavo Baiano você não tem uma evidência da falha muito clara na superfície, ao contrário da Califórnia, que você consegue andar em cima da falha tectônica”, disse.
Quanto à gravidade do índice de magnitude, o especialista disse que não se deve descartar a possibilidade de ocorrência de outros episódios com a mesma intensidade.
“Se você libera esta magnitude de 4.6 em uma região deserta, por exemplo, não é perceptível. A partir do momento que você começa a ter população, obras de infraestrutura, você assume que está expondo a sua estrutura ao risco de ter fenômenos deste tipo. A gente não pode descartar a possibilidade de um evento desta magnitude novamente. Infelizmente não temos como prever os próximos eventos e por conta disso o monitoramento é fundamental”, reforçou ele.
Uma moradora da cidade de Feira de Santana também sentiu o tremor de domingo. “Eu acordei com a cama tremendo e o som das portas de vidro vibrando”, informou. Outra habitante da cidade de Jiquirica disse que “eu estava na pia, e ouvi um estrondo, após uns dois segundos, a terra começou a tremer, precisei segurar na pia para me equilibrar, as portas do armário começaram a balançar”. O especialista avaliou o caso.
“O novo terremoto [que aconteceu nesta madrugada] como não foi tão forte, ele é sentido em um raio muito menor. Então as pessoas relatam efeitos menores. Geralmente, se você está muito próximo ao epicentro, você sente mais. E isso para a população tem um efeito psicológico muito forte porque as pessoas não são acostumadas com episódios como este. Por isso o monitoramento é muito importante”, finaliza.
Fonte: CNN – 31 de agosto de 2020 às 09:14