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Os números da dengue preocupam em Minas Gerais. No primeiro trimestre deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado, o aumento de casos da doença ultrapassa 1.000%.
De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (SES), até esta segunda-feira (22), 140.754 casos prováveis – que englobam os confirmados e suspeitos – foram registrados neste ano no estado. Deste total, 115.062 se referem ao primeiro trimestre deste ano.
Segundo os dados da secretaria, o mês com mais casos, até o momento, foi março. No terceiro mês de 2019, 63.696 ocorrências de dengue foram contabilizadas em Minas, o que representa uma alta de cerca de 88% em relação a fevereiro, quando houve 33.880 registros. Já em janeiro, foram 17.486.
Em comparação com o primeiro trimestre do ano passado, os números deste ano chamam ainda mais atenção. De janeiro a março de 2019, foram 106.147 casos a mais em relação ao mesmo período de 2018 – um crescimento de aproximadamente 1.191%.
Desde 2016, Minas Gerais não tinha um primeiro trimestre com tantos casos de dengue. Só nos primeiros três meses daquele ano, 352.014 pessoas pegaram a doença ou estavam com suspeita de dengue.
De acordo com a coordenadora do Programa Estadual de Controle das Doenças Transmitidas pelo Aedes aegypti, em relação à dengue, tem sido observado um padrão: um ano epidêmico seguido por dois de baixa transmissão. Segundo ela, os últimos anos epidêmicos no estado foram 2016, 2013 e 2010.
“A dengue é um conjunto de fatores. Precisa do vetor, precisa do vírus – e a gente tem a predominância de um novo sorotipo circulando – e de pessoas susceptíveis”, afirmou. De acordo com Márcia, anteriormente, havia o predomínio do sorotipo 1, mas, desde 2018, começou a se observar a prevalência do 2. Assim, pessoas que tiveram dengue em anos anteriores têm mais chance de contrair a doença agora.
Para a coordenadora da SES, neste ano, os números da dengue não devem se aproximar dos registrados em 2016, quando houve 352.014 casos no primeiro trimestre e 519.050 ao longo de todos os meses. Segundo ela, em 2019, a doença deverá ter um comportamento semelhante ao de 2010, quando houve 99.249 registros de janeiro a março e 212.502 no ano todo.
Zika também cresce em MG
Os números de outra doença transmitida pelo Aedes aegypti seguem o mesmo caminho preocupante da dengue. A zika, que também vinha apresentando redução desde 2016, voltou a crescer no primeiro trimestre no estado. De janeiro a março do ano passado, foram 62 casos da doença. Já nos primeiros três meses deste ano, houve 455 registros de casos confirmados ou suspeitos – uma elevação de 633,87%.
Neste ano, até o momento, março também foi o mês com mais ocorrências. Em comparação com fevereiro, os casos quase triplicaram. No segundo mês do ano foram 98 casos; no mês passado, 289.
Segundo a coordenadora da Secretaria de Saúde, em 2016, quando as ocorrências da doença chegaram a 10.229 no primeiro trimestre e 13.527 ao longo de todo ano, o número de casos pode ter sido subestimado. Segundo ela, naquele ano, foi verificado um aumento de casos de síndromes neurológicas, como a de Guillain Barré, o que poderia ter uma relação com casos de zika.
Redução nos casos de chikungunya
Das três doenças transmitidas pelo Aedes que constam no boletim semanal da SES, a chikungunya é a única que não teve crescimento neste primeiro trimestre em relação ao mesmo período de 2018.
Foram 4.255 casos prováveis de janeiro a março de 2018 contra 1.137 nos primeiros três meses deste ano, o que aponta uma redução de cerca de 73%.
Também diferentemente da dengue e da zika, recentemente, a chikungunya teve seu auge em 2017, quando houve 9.834 registros de janeiro a março e 16.320 ao longo dos 12 meses.
Apesar de números menos alarmantes neste ano, não há o que se comemorar. “Ter esse total de casos prováveis é preocupante. (…) Enquanto a gente tiver o Aedes e o vírus circulando, a gente continua em alerta”, afirma Márcia Ooteman.
Prevenção
A coordenadora da SES ressalta que é fundamental que cada um continue fazendo a sua parte no combate à dengue, evitando criadouros do mosquito dentro de casa, por exemplo.
Além disso, ela diz que o governo de Minas publicou, no início deste mês, uma resolução que transfere recursos para municípios que estão com alta incidência das doenças. Inicialmente, segundo ela, foram liberados mais de R$ 4 milhões para cerca de 90 cidades. Ainda de acordo com Márcia, a lista será renovada a cada 15 dias.
Fonte: G1/Sul de Minas