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O economista Carlos Alberto Decotelli da Silva foi anunciado – e já nomeado – nesta quinta-feira (25) como novo ministro da Educação do governo de Jair Bolsonaro. Em suas primeiras entrevistas após assumir o cargo, Decotelli tem dito que foi convidado a fazer uma gestão técnica e que vai se afastar do debate mais ideológico.
Em entrevista à CNN e em suas redes sociais, o economista deu alguns sinais de o que pensa sobre a educação brasileira e quais caminhos pretende seguir. No Twitter, escreveu que o sistema educacional brasileiro é “naufragado” e que defende a “criação de sistemas de ensino propícios ao êxito”.
Em sua gestão, segundo disse na entrevista, quer priorizar a concessão de bolsas de estudo em temas relacionados à tecnologia e que preparem mão de obra para as empresas. “Uma inteligência que possa ser aplicada via pesquisa, via estudos, para a atividade empresarial e a atividade de gestão pública e gestão privada”.
O novo ministro da Educação está sendo entendido como um nome técnico, visto como um gestor, por sua capacitação como mestre e doutor em Administração e as aulas em gestão financeira. Oficial da reserva da Marinha, onde fez curso técnico, foi bem recebido pela ala militar, mas já sinalizou algumas proximidades com os representantes mais ideológicos da base do governo.
No Twitter, replica publicações de parlamentares que integram essa ala, como os deputados federais Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e Bia Kicis (PSL-DF) e o deputado estadual de São Paulo Douglas Garcia (PSL).
Também falando à CNN, o ex-ministro Ricardo Vélez Rodríguez, que o nomeou em 2019 para o comando do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), definiu Decotelli como alguém que “defende valores conservadores, mas com respeito ao pluralismo e à liberdade”. Em entrevista coletiva, o novo ministro da Educação afirmou que o presidente Jair Bolsonaro não o pediu para tratar da questão ideológica no MEC.
Primeiro homem negro do primeiro escalão do governo Bolsonaro, Decotelli afirmou que o Brasil é um país “que recebe bem todas as etnias” e disse que o Estado não pode promover barreiras nem prioridades. No entanto, afirmou que há desigualdade nas condições de acessibilidade ao estudo.
Polarização no país
A gestão de Abraham Weintraub foi marcada por críticas abertas do ministro às universidades e institutos federais. Na entrevista exclusiva à CNN, Carlos Decotelli afirmou que vai buscar o diálogo com as instituições com o Consed, o conselho de secretários estaduais da educação.
“Hoje nós temos que adotar o critério baseado na entrega da educação no Brasil em três pontos. Primeiro, nós somos professores, professores aqui no MEC e professores, acima de tudo, conversam, dialogam, o ambiente de sala de aula. Então, nossa primeira postura será restabelecer o diálogo com as universidades federais e os centros de educação técnica, o diálogo com o Consed, conselho de secretários de educação.
Dialogar e estabelecer uma forma de encontrar soluções convivendo, nesse tempo de quarentena, com dois grandes desafios: o desafio da saúde pública e o desafio de melhorar a entrega da educação no Brasil, a educação pública. Nesse aspecto, nós estamos, então, com o projeto de priorizar gestão e os diálogos estratégicos com aqueles que realizam”.
Foto: CNN (25.jun.2020)
O novo ministro da Educação defendeu que a concessão de bolsas de estudo para pesquisa foque mais no desenvolvimento tecnológico do país, citando a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
“Melhor dialogar com a Capes na qualificação, no estímulo, para que as bolsas de estudo se reflitam em melhor qualidade tecnológica, melhor qualidade de te colocar o Brasil preparado para ingressar em um mundo tecnológico mais desafiador”, disse.
Decotelli disse que quer ver a Capes priorizar mais as bolsas que possam se reverter em melhoria tecnológica e em mão de obra para o mercado de trabalho. “Nós precisamos ter a Capes voltada para qualificação de bolsa, para estímulo para os jovens brasileiros, estimular o pensamento científico”, disse. “Uma inteligência que possa ser aplicada via pesquisa, via estudos, para a atividade empresarial e a atividade de gestão pública e gestão privada”.
Dados e métricas
Ao ser perguntado sobre qual é a sua primeira preocupação no cargo, o novo ministro da Educação não citou uma agenda de combate a ideologias defendeu a atualização dos índices que medem a qualidade da educação básica no país.
“Primeira prioridade, restabelecer um sistema de quantificação técnica bem rigorosa nos modelos dos mapeamentos, dos controles e das métricas hoje estabelecidas para medir a educação brasileira”, disse. Ele pretende cruzar informações das bases do MEC com as de ao menos outras quatro instituições: o Instituto Nacional de Educação e Pesquisas (Inep), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Dataprev e o Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa).
Primeiro ministro negro do governo Jair Bolsonaro (sem partido), Carlos Alberto Decotelli prega a “autocrítica” da sociedade brasileira. Decotelli disse que “precisamos nos enxergar como brasileiros”, e que aqueles que quiserem buscar os seus sonhos e projetos devem poder fazê-lo “independentemente da sua cor de pele e etnia”. Segundo ele, é dever do Estado não criar prioridades, proteções e nem barreiras institucionais.
“Somos um país que todas as etnias são bem recebidas. Mas o Estado precisa ser o marco regulador, não pode pré-conceber acesso melhor para alguns grupos e bloquear o acesso a outros”, falou. O ministro não foi enfático sobre o que pensa a respeito de cotas, mas disse que o Brasil é “uma sociedade desigual na acessibilidade”, em referência às pré-condições para que pessoas progridam por meio da educação.
‘Gestão integrada’
Carlos Decotelli afirma que deve melhorar a relação entre o Ministério da Educação e as autarquias ligadas a pasta que integram serviços públicos.
Ele listou o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), do qual foi presidente por cerca de seis meses em 2019, a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
“Estabelecer uma gestão integrada entre o Ministério da Educação e as autarquias que fazem a entrega dos segmentos da educação no Brasil”, afirmou.
Internacionalização
O novo chefe do MEC listou a prioridade de promover maior integração entre a educação brasileira e os principais centros internacionais. “Os centros de excelência de educação internacionais precisam estar próximos ao MEC, para que o de melhor pudermos adaptar à nossa realidade e o que de melhor pudermos levar, tenhamos esse suporte”.
Fonte: CNN em São Paulo – 26 de junho de 2020 às 06:25