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A Corte Arbitral do Esporte (CAS) decidiu, nesta segunda-feira, retirar a suspensão preventiva de Kamila Valieva, que está liberada para competir nas Olimpíadas de Inverno de Pequim. Em sua estreia, na última segunda-feira (07/02), a russa de apenas 15 anos fez história ao completar um salto quádruplo até então inédito entre as mulheres na competição. No dia seguinte, a menina prodígio conquistou a medalha de ouro junto com a equipe do Comitê Olímpico Russo (ROC), mas a entrega da medalha foi adiada por uma suspeita de doping.
A audiência, realizada por videoconferência, durou quase seis horas. Na ocasião, o CAS ouviu todas as partes envolvidas. Além da jovem patinadora, participaram da reunião representantes do Comitê Olímpico Internacional, da Federação Internacional de Patinação, do Comitê Olímpico Russo e da Agência Anti-Doping da Rússia (Rusada).
Kamila Valieva brilha ao fazer dois saltos quadruplos em sua apresentação ao som de “Bolero”, de Maurice Ravel
Nesta terça, Valieva disputa a prova feminina individual com programa curto. O evento começa às 7h (18h em Pequim) com transmissão ao vivo do sportv2.
– O painel do CAS decidiu permitir que Valieva continue a competir nos Jogos de Pequim 2022. Isso significa que nenhuma suspensão provisória deve ser imposta à patinadora. O painel do CAS determina também que a atleta seja beneficiada pelas circunstâncias especiais, já que a mesma tem menos de 16 anos e é uma pessoa protegida pelo código internacional antidoping – disse o diretor da CAS, Matthieu Reeb, em coletiva de imprensa realizada em Pequim.
Matthieu Reeb anuncia a decisão do CAS em Pequim — Foto: Reprodução/Pequim 2022
A decisão não entra no mérito de inocência ou culpa de Valieva. Apenas garante que ela esteja apta a competir para que, se eventualmente for inocentada, não tenha sido privada da oportunidade de disputar a prova nos Jogos, o que não poderia ser reparado. Caso ela seja punida, possivelmente será desclassificada, e sua participação será anulada.
Em nota, o COI afirmou que a cerimônia de premiação da patinação artística por equipes não será realizada até que o caso de Valieva tenha um desfecho. Caso a russa também vá ao pódio no feminino, o que é muito provável, esta cerimônia também ficará em suspenso.
Os Estados Unidos, que herdariam a medalha de ouro por equipes em caso de uma eventual punição ao Comitê Olímpico Russo, ainda não se manifestaram publicamente. Mas o Comitê Olímpico do Canadá (COC), que terminou a disputa em quarto lugar, fora do pódio, acompanha o caso atentamente e divulgou nota oficial.
– A situação com o doping da atleta russa é extremamente infeliz e triste para os atletas. O COC está completamente comprometido com o esporte limpo, e nós acreditamos firmemente que ninguém envolvido com doping ou outras práticas corruptas tem um lugar no movimento olímpico.
– (…) Apesar de o COC não ter sido autorizado a se envolver formalmente no processo de apelação junto à CAS, temos seguido os detalhes do caso de perto e estamos fazendo o que podemos para assegurar a proteção dos interesses dos atletas da patinação do Canadá e de todos os atletas limpos. Apesar de acreditarmos que a decisão do CAS foi o resultado de um processo justo, estamos todos extremamente desapontados com o resultado.
A estrela adolescente da patinação Kamila Valieva teria sido pega no exame antidoping com a substância trimetazidina (trimetazidine), um medicamento para angina que tem função vasodilatadora. A notícia foi divulgada pelos jornais russos RBC e Kommersant na tarde de quarta-feira (09/02), dois dias após a equipe do ROC conquistar o ouro.
No mesmo dia, o Comitê Olímpico Internacional (COI) decidiu adiar a cerimônia de entrega de medalha na patinação artística feminina. Sem dar detalhes, o porta-voz da entidade afirmou que o atraso atendia a um pedido formal da Federação Internacional de Patinação.
Passados dois dias desde que a suspeita de doping havia estampado os jornais, a Agência Internacional de Testagem (ITA, na sigla em inglês) confirmou o doping da patinadora russa na sexta-feira (11/02). Valieva testou positivo em 25 de dezembro, em teste feito durante o Campeonato Russo de Patinação Artística. A contraprova feita com a mesma amostra, em 8 de fevereiro, também deu positivo.
Kamila Valieva emocionada após fazer história — Foto: Catherine Ivill/Getty Images
Apesar de o resultado, a Agência Antidoping da Rússia (RUSADA) retirou a suspensão preventiva da atleta. A ITA, em nome do COI, decidiu recorrer na Corte Arbitral do Esporte (CAS) contra a decisão. Com a equipe americana na segunda colocação, os Estados Unidos ameaçaram processar os russos envolvidos no caso.
Devido ao fato de a atleta ser menor de idade, a RUSADA iniciou uma investigação sobre a equipe da patinadora. Segundo a Agência Russa, o objetivo da investigação é identificar todas as circunstâncias de uma possível violação da regra antidoping no interesse de uma “pessoa protegida”.
No sábado (12/02), a técnica da patinadora, Eteri Tutberidze, admitiu que a situação era “muito controversa e difícil”, mas reforçou que a atleta é inocente. No mesmo dia, a RUSADA soltou um comunicado oficial dizendo que o laboratório sueco responsável pelas análises teria demorado para dar os resultados por conta do surto da variante Ômicron da Covid-19.
Audiência do caso de doping da russa Valieva durou quase 6 horas — Foto: Reprodução
Fonte: GE – 14/02/2022 03h08